quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Blecaute III

Versão do ministro das Minas e Energias, Edison Lobão, é contestada por técnico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com o Instituto, o Brasil é, sim, recordista mundial de raios, com um registro anual de 50 milhões de descargas elétricas. Especialistas do INPE, no entanto, descartam que o apagão da última quarta-feira (11/11), que atingiu pelo menos 15 estados, tenha sido ocasionado por raios. Os técnicos do INPE afirmam que as descargas provocadas por raios, na região das rede transmissoras de energia que se desligaram, não tiveram potência suficiente para provocar o apagão. Eles ressaltam que para provocar o desligamento de uma ou mais linhas com tensões do patamar das linhas de transmissão de Itaipu, seria necessário uma descarga com intensidade entre 70 a 80 mil amperes. Os sistema do INPE, no entanto, registrou que os raios que caíram naquela região, naquele horário, apresentavam intensidade entre 10 e 15 mil amperes, o que seria insuficiente para provocar a pane ocorrida nas redes de transmissão de energia. Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de eletricidade atmosférica do INPE, ainda acrescenta que, para provocar o estrago que houve, os raios teriam que ter caído diretamente sobre as linhas, o que também não ocorreu, pois, segundo eles, a descarga mais próxima caiu há dois quilômetros de distância das linhas de transmissão. E, segundo ele, ainda que o raio tivesse caído diretamente sobre as linhas, elas não deveriam ter se desligado, pois a rede de transmissão brasileira possui um sistema de segurança contra esse tipo de ocorrência. Trata-se de um sistema que funciona da mesma forma que os apara-raios utilizados no alto dos prédios. Esse sistema é constituído de um cabo de segurança que, aterrado ao solo, acompanha toda a extensão da linha de energia. Como ele não conduz eletricidade, se houver a incidência de um raio, ele será atraído por esse cabo, que o induzirá até o chão. O coordenador do INPE concluí que, se o raio causou o apagão, significa que o sistema está totalmente frágil e passível de sofrer uma nova pane. Enquanto o Ministro Lobão e as demais autoridades ligadas á área de energia mantém a posição apresentada ontem (11/11), o Ministério Público Federal (MPF) instaurou, ontem também, procedimento administrativo para investigar as causas e os responsáveis pelo apagão que durou cerca de quatro horas e atingiu, inclusive, o Paraguai. O pedido foi feito pelo procurador Marcelo Ribeiro de Oliveira, de Goiás. De acordo com o Ministério Público, foi expedido um ofício solicitando informações à Secretaria Executiva de Minas e Energia, à Agência de Energia Elétrica (Aneel), ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e à diretoria jurídica da Usina Itaipu Binacional. Os órgãos notificados terão 72horas para prestar os esclarecimentos.

Por Regina Oliveira - Mtb. 12144
Fonte: Globo.com - Jornal Hoje
Foto: G1

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